15.11.2009 às 21:14:00 - 109 clicks
Chamado de atenção ao Brasil da Alta Comissionada da ONU para direitos humanos
Por Néstor J. BeremblumNesta semana, passou quase despercebida a visita da Alta Comissionada das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a sul-africana Navanethem Pillay, quem visitou em Salvador e no Rio favelas e comunidades pobres das capitais da Bahia e Rio de Janeiro deixando interessantes comentários sobre as questões de segurança, direitos humanos e integração social.
Digamos que a cobertura dada à visita oficial da principal funcionária encarregada dos direitos humanos da ONU, foi eclipsada por outra, de menor conteúdo e maior glamour às favelas cariocas. É claro, Madonna.
Não apenas para a imprensa cabe este puxão de orelhas. Às autoridades fluminenses também. Já fizeram a oferta milionária para que a rainha do pop, confirmasse presença no Réveillon de Copacabana de 2010/2011. Enquanto isso, as mesmas autoridades, não pareceram levar muito a sério as advertências e recomendações da funcionária das Nações Unidas.
Durante cinco dias, Pillay percorreu as favelas de Salvador e Rio de Janeiro deixando uma série de comentários nada elogiosos para a sociedade brasileira. Apontou a existência de um “apartheid brasileiro invisível” que, por trás da tão divulgada miscigenação racial, perpetua um sistema que “deixa milhões de afro-brasileiros, brancos e indígenas em situações de pobreza extrema, sem acesso a serviços básicos ou emprego”, e acrescentou que “esses problemas de discriminação prejudicarão o progresso do Brasil em outras questões”.
A primeira juíza não branca da África do Sul disse também que “ há um vínculo direto entre segurança e direitos humanos”, e confessou que na reunião que manteve com o presidente Luis Inácio “Lula” da Silva, este se mostrou bem disposto a ouvir as recomendações.
Em referência aos eventos da Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas de 2016, Pillay advertiu que é uma oportunidade de transformar essa situação, mas ao mesmo tempo, advertiu para que essas competições não sirvam de desculpa para “limpar as ruas, apressando-se em tratar temas como a segurança pública sem contemplar a questão dos direitos humanos”.
Na reunião com o presidente Lula, também sugeriu que fosse criada à exemplo da África do Sul, uma Comissão da Verdade e a Conciliação, para tratar os abusos e as torturas cometidas no país durante a ditadura militar, que segundo a Comissionada, “ao não serem punidos, viraram moeda corrente entre as forças de segurança, milícias e traficantes no país e continue a ser no futuro”.
Os comentários e conclusões da Comissionada da ONU foram publicados por vários jornais estrangeiros, dentre eles Clarín da Argentina.
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